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Pomba Gira é Mãe?

Foto do escritor: Pai DanielPai Daniel


Toda mulher é mãe em potencial, toda mulher mesmo que não tenha dado à luz um filho biológico pode ser mãe adotiva, postiça, emprestada e de qualquer forma sempre que uma mulher cuida de alguém traz consigo o instinto maternal. Quantas mulheres são um pouco mães de seus companheiros ou companheiras? Quantas filhas se tornam mães de suas mães e isso quer dizer que, se formos para além do conceito biológico, o que chamamos de mãe é algo muito amplo.

Então, afinal, Pomba Gira é ou pode ser mãe?

Claro que sim! No entanto, pelo fato de que a sensualidade é um aspecto muito forte em Pomba Gira, lhe é negado a qualidade de mãe. Mas negar que Pomba Gira é mãe é o mesmo que afirmar a perda da sensualidade feminina no momento em que a mulher se torna mãe. É como se a mãe deixasse de ser mulher ao menos em um de seus aspectos mais fortes no que diz respeito ao feminino, sua sensualidade. Uma mulher não pode ser sensual e ser mãe ao mesmo tempo?

Este é o reflexo de nossa hipocrisia!!! O que é sensual e o que é vulgar?

É certo que muitas Pomba Giras podem se negar a ser chamadas de mãe, não que elas não o sejam, mas que provavelmente se negam a ser o que você acha que deve ser o modelo de “mãe”.

Aquilo que identificamos como modelo ideal da “mãe” é a imagem de Iemanjá senhora deste mistério na Criação: “A mãe”. No entanto, todos os Orixás femininos são mães, tanto a guerreira Iansã ou a sensual Oxum. Então, entramos em outra polêmica: Pomba Gira não é Orixá e sim entidade de Umbanda, certo?

Sim e não!

Assim como existe Exu entidade e Exu Orixá, também existe Pomba Gira entidade e Pomba Gira Orixá. O Candomblé não reconhecia o Exu entidade, pois da África veio apenas o Orixá Exu e de forma inversa não conhece o Orixá Pomba Gira, pois não existe no Panteão dos Orixás da Cultura Nagô Yorubá. Mas a Umbanda nos dá uma liberdade de ação muito grande e mesmo que dentro da Umbanda a grande maioria não concorde, não aceite e não conheça Orixá Pomba Gira, podemos dizer que ela existe e é simplesmente tudo o que você idealiza de forma coletiva no modelo e arquétipo Pomba Gira em Deus.

As Pomba Girasão nossas guardiãs e protetoras com qualidades bem específicas, estas qualidades são divinas e pertencem a uma divindade feminina à qual podemos nos referir apenas com este nome já conhecido por nós: Pomba Gira.

Se existe uma divindade regente deste mistério “Pomba Gira”, então posso dizer que Pomba Gira é mãe também. Ao menos a Divindade, o Orixá, é mãe. Quanto às entidades Pomba Giras que incorporam e trabalham com seus médiuns (homens e mulheres) deixo para você me responder se são ou não nossas mães. Mães da sensualidade, mães do desejo, mães do estímulo, mães da altivez e acima de tudo mães da autoestima. Precisamos de todas as nossas mães e cada uma delas nos dá ou empresta qualidades diversas e únicas para nosso crescimento, evolução e vida.

Laroyê Pomba Gira! Salve minha Mãe Orixá Pomba Girae salve minhas mães guardiãs e protetoras!!!

Observação: Embora gere muito estranhamento identificar “Orixá Pomba Gira”, para alguns, convido os mais resistentes para esta reflexão:

Se a gente não conhecesse o Orixá Oxóssi poderíamos tranquilamente chamá-lo de Orixá Caboclo e ele mesmo assim responderia. Assim como foram idealizados Iofá e Yorimá para um “Orixá Preto Velho”, que é Obaluayê. A forma de se relacionar com as divindades, os Orixás, ainda é incógnita e mistério para nós. Se eu não conhecesse Ogum, mas elevasse o pensamento ao “Orixá da Guerra” ou a “Divindade da Lei” mesmo sem conhecer seu nome ele responderia, com certeza Ogum responderia. Sim, temos todos nós muito a aprender sobre os mistérios de Deus e como nos relacionar com eles… E por ponto final a frase: “Para quem quer entender poucas palavras são necessárias e para quem não quer entender nenhuma palavra basta.”

 
 
 
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